Os membros do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decidiram, por unanimidade, manter a Selic (os juros básicos da economia) em 6,50% ao ano. Com isso, a taxa permaneceu no nível mais baixo da série histórica do Copom, iniciada em junho de 1996.
A decisão – a última de 2018 – era largamente esperada pelos economistas do mercado financeiro. Esta foi a sexta vez consecutiva que o Copom não alterou os juros básicos da economia.
Ao justificar a decisão, o BC afirmou por meio de comunicado que a atividade econômica segue em recuperação gradual e, ao mesmo tempo, que as medidas de inflação subjacente estão em níveis “apropriados ou confortáveis, inclusive os componentes mais sensíveis ao ciclo econômico e à política monetária”.
Ao abordar os riscos para seu cenário básico, o BC voltou a listar três fatores principais, que atuam “em ambas as direções”. Primeiro, o BC chamou a atenção para “o nível de ociosidade elevado” da economia, que “pode produzir trajetória prospectiva abaixo do esperado”. Neste caso específico, o comitê avaliou que “houve uma elevação do risco”.
Em segundo lugar, o BC voltou a citar que “uma frustração das expectativas sobre a continuidade das reformas e ajustes necessários na economia brasileira pode afetar prêmios de risco e elevar a trajetória da inflação no horizonte relevante para a política monetária”. Para o BC, este segundo risco se intensifica no caso de “deterioração do cenário externo para economias emergentes”. Esta deterioração no exterior é o terceiro risco considerado pela instituição.
O BC, no entanto, afirmou que o segundo risco, ligado à frustração com as reformas, passou por “arrefecimento”. Ao mesmo tempo, a instituição voltou a afirmar que o segundo e o terceiro risco – este ligado ao exterior – possuem maior peso em seu balanço. No documento, o BC também atualizou suas projeções para a inflação.
No cenário de mercado – que utiliza expectativas para câmbio e juros do mercado financeiro, compiladas no relatório Focus -, o BC alterou sua projeção para o IPCA em 2018 de 4,4% para 3,7%. No caso de 2019, a expectativa foi de 4,2% para 3,9%. Já a projeção de inflação para 2020 neste cenário passou de 3,7% para 3,6%.
No cenário de referência, em que o BC utilizou nos cálculos uma Selic fixa a 6,50% e um dólar a R$ 3,85, a projeção para o IPCA em 2018 passou de 4,4% para 3,7%. No caso de 2019, o índice projetado foi de 4,2% para 4,0%. A projeção de inflação para 2020 no cenário de referência passou de 4,1% para 4,0%.
O centro da meta de inflação perseguida pelo BC este ano é de 4,5%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual (índice de 3,0% a 6,0%). Para 2019, a meta é de 4,25%, com margem de 1,5 ponto (de 2,75% a 5,75%). No caso de 2020, a meta é de 4,0%, com margem de 1,5 ponto (2,5% a 5,5%).
Fonte: Jornal do Comércio (https://www.jornaldocomercio.com/_conteudo/economia/2018/12/661252-copom-decide-manter-selic-em-6-50-ao-ano.html)