‘’São metrôs e trens de superfície, associados a ônibus, que diminuiriam o tamanho do espaço ocupado nas vias urbanas”
Estudo da CNT sobre o sistema metroferroviário de 13 regiões metropolitanas brasileiras mostrou que seria necessário praticamente dobrar a atual estrutura sobre trilhos para atender às necessidades de transporte urbano. Nos últimos cinco anos, o transporte individual cresceu quatro vezes mais do que o aumento da população. Enquanto o número de pessoas aumentou 6%, a frota de automóveis saltou 24%. A consequência é o que se vê e se sente: um imenso desperdício de tempo e de combustível nos congestionamentos dos aglomerados urbanos, porque o transporte de massa não dá conta de atender à demanda.
São metrôs e trens de superfície de diversas formas, associados a ônibus, que poderiam diminuir o tamanho do espaço ocupado nas vias urbanas. Excesso de carros também é acompanhado por mais barulho, mais poluição do ar e mais acidentes.
Se a solução é tão óbvia, o que falta para adotá-la? Diz o estudo que, em primeiro lugar, faltariam 167 bilhões de reais. Mas o fato é que temos um ministro para cuidar da parceria entre a iniciativa privada e o Estado para fazer esse tipo de coisa, que reativa a economia e só traz benefícios. Menos tempo perdido no trânsito é menos cansaço e mais produtividade no trabalho. Mas como este país é lento e complicado nas soluções óbvias!
Já abordei esse assunto há pouco tempo. Mas é recorrente, porque o problema salta aos olhos e piora a cada dia. Retarda-se um pouco agora, porque caíram as vendas de automóveis. Não custa lembrar que, em Nova Iorque, Paris, Roma, Berlim, Londres, Tóquio, o carro não é muito necessário e Buenos Aires teve metrô 60 anos antes que São Paulo. Sempre atrasados com o óbvio. E como temos dificuldade em operar os nossos metrôs! Em vez de modernizarmos nossos bondes, simplesmente, os tiramos de circulação e arrancamos os trilhos. E quando vamos à Europa, os reencontramos, silenciosos, transportando gente de forma segura e pontual.
Nem mesmo na capital federal planejada fomos capazes de prever um sistema sobre trilhos. Brasília enfrenta, em todas as manhãs e nos fins de tarde, imensos congestionamentos de ida e volta entre a periferia e o Plano Piloto. E, pasmem, trilhos estão lá disponíveis para uma das regiões mais populosas, mas não são usados (Brasília-Luziânia).
O estudo da CNT constata o óbvio, mas há algum tipo de nuvem sobre muitos neurônios nacionais, impedindo que se faça o óbvio. Quando chegar o congestionamento final, em que nenhum veículo conseguirá se mover num grande nó poluidor e barulhento, aí já será tarde. As paralelas dos trilhos, nas cidades ou entre elas, são a óbvia solução. Mas, no Brasil da cegueira, parece que, como as paralelas, é uma solução que só encontrarão no infinito.